Desculpe-me, Sou Humana!

Perdoar-se, tinha que ser o primeiro passo para que ela não se torturasse a respeito dos sentimentos que acabara de descobrir. Percebeu a pouco tempo que nutria uma relação íntima demais e isso precisava ser freado, desfeito. Foi muito doloroso admitir que estava extremamente atraída naquilo que não podia, mas o que mais repudiava, é que condenou essas atrações no seu entorno, quando acontecia com pessoas conhecidas suas. Ela se vangloriava por nunca ter vacilado sentimentalmente. Sempre foi firme, madura e irrefutável todas as vezes que disse Não! Essa imagem respeitosa sempre tinha sido seu orgulho moral, pessoal e intransferível. O que fazer quando se viu gostando do flerte? Sim, apenas o flerte e nada além disso fez com que se desse conta da verdade secular: É Humana! E como tal, sim, você pode falhar, pode errar. Por mais estranho que isso possa parecer, esse encontro como a realidade lhe tirou um enorme peso. Por muito tempo carregou consigo a dura missão, o comprometimento invisível de que não poderia falhar nesse aspecto. Esse título que ninguém lhe entregou era a medalha no peito. Isso mudou? Não! Continua convicta de que a felicidade só se constrói na honestidade, mas aprendeu a partir desse vacilo sentimental que aquilo que envolve felicidade e sensação muitas vezes foge ao autocontrole. Quem nunca tremeu lá, bem no íntimo com aquela piscadela daquele estranho atraente? Ou um afago de um conhecido? Sim! Somos vulneráveis Um simples olhar, pode mexer. O grande interessante nisso, é que coube o julgamento mais ferrenho aos homens: Fracos! Canalhas! Animalescos! Frios! Todos esses adjetivos foram parâmetros de seleção do quanto ético se é com o outro. Havia sofrido na pele a dor da suspeita. O bilhete do flerte da concorrência, o torpedo enviado. A humilhação do engano ou do suposto engano. Se deparar sentindo aquilo que condenou em situações passadas lhe doeu muito mais por admitir que o verbo sentir é possível a todos. O que fazer agora? Ela optou por desacelerar! Passou a reanalisar suas ações e se questionou: Será que já não causou dor em outras situações? Onde ter deixando o sentir pesou mais do que em ser certo? Ela escondeu-se em si mesma, mas tranquila de que isso é efêmero, tem data e hora de partida. Onde ela pode ampliar os olhares e portas escancaradas para novas emoções. Emoções sem censura, nem faixa de classificação, sem penalidades que só atrapalham, mas em paz com sua consciência. Apesar de não haver necessidade para tal ato, ela aproveita e pede desculpas, por ser humana, por estar viva e melhor de tudo por poder sentir!

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