Ética!
Ela o reencontrou do mesmo jeito que havia conhecido, mas ele fez o favor de ter sido tão grosseiro como das vezes que tentaram fazer algo juntos. Primeiro ela alegava que era pela imaturidade. Havia uma diferença miníma de idade entre os dois e na cabeça dela isso poderia ser uma "justificativa" sobre a não delicadeza além da cama, mas no fundo, bem lá no fundo sabia que não. O tempo passou o suficiente para não se lembrar daquele anônimo até esse reencontro infeliz. Após o oi e o reconhecimento de ambos ele lançou a velha tacada da falta de tato de forma tão gratuita que nem deu tempo de entender o porque. Mas na verdade o machismo excessivo é uma maldita doença que tem paliativos, mas não tem cura. Após a frase nada doce, mas suficiente para bloquear qualquer tipo de prosseguimento ela relembrou mais um episódio infeliz semelhante e pensou: Qual a importância da ética nas relações?
Intimidade não significa ser grosseiro.
Quem lhe disse que o fato de terem ido para cama, deu passaporte para invadir sua alma?
A velha babaquice se repete: Eu dormir com você! E só é mais gostoso se eu espalhar, comentar ironizar, expor, tornar você o mais vulnerável possível... tsc.. tsc...tsc..
Certa vez ouviu de um quase desconhecido por completo que puxou despretensiosamente o assunto: "Você já saiu com meu primo não foi"? Não foi segredo, mas o tom irônico, pejorativo foi ultrajante, sabia ali que sua intimidade já havia sido deliberada sem sua presença. Com o resto de fôlego que tinha deu um "foi" confirmando o tão momento que acabara se tornando sem importância e ergueu a cabeça. Pensou em sentir vergonha, medo de ser mais exposta, mas não se sequestrou. O que aconteceu foi importante até onde havia dado margem a importância. A cena quase se repetiu, então pensou: Qual é?! Foi consensual para os dois! Por que haveria de sentir vergonha por isso?! Entristeceu-se por ser mais uma vez vítima do jargão idiota do pivete que se fantasia de homem. O quanto é triste reconhecer que muito melhor as vezes está apenas consigo mesma, sem deixar o outro entrar pelo o mau trato emocional que ele pode oferecer. Analisou por um tempo a tolice do moço e graças a Deus pensou, murmurou e proferiu: "Desculpe! Mas seu machismo não me atinge"!
Comentários
Antonio Nunes de Souza
Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL
Escrevo pela liberdade, pela inspiração! Quando acontece algo e me faz fluir! Escrever deve ser isso! Um verbo que naturaliza as emoções! Obrigada!!!
Antonio Nunes