Rotina!!
Se apaixonar pelo mesmo homem ou a mesma mulher após muitos anos é uma tarefa para especialistas. Casamentos ou até mesmo relacionamentos duradouros se tornaram artigo de luxo hoje em dia, porque os comportamentos mudaram e as prioridades acompanharam as mudanças. Vale mais o "Que seja eterno enquanto dure", ao "Por toda a minha vida, todos os dias, na tristeza e nas alegrias". É forte demais o compromisso. Votos que perdurem a resiliência na dor, requer sacrifícios e renúncias e analisando de forma muito racional, quase ninguém quer passar por tanto aperto para colher a longo prazo. O imediatismo das relações, faz com que as pessoas pulem etapas importantes para saber se realmente está certo, pode fazer certo, ou se não aquilo. Assim foram criadas saídas de emergência do tipo: "Enquanto eu não encontro a pessoa certa, eu me divirto com as erradas" ou "Não se apega em mim, que não me apego em você, aquele fugidinha foi bom, mas nada a ver". Assim se perpetua o não compromisso. Não se comprometendo consigo, você não precisa se comprometer com um outro, ai gera a quadrilha as avessas de Drummond: "João amava Teresa que amava Raimundo, que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,que não amava ninguém", Lili que não amava ninguém configura na quadrilha do dia-a-dia: Fulano fica com sicrano, que fica com beltrana, que fica afim de todos e todos os três no fundo não gostam de ninguém. Parece meio triste, mas é a verdade. Os sentimentos estão confusos, que não se sabe ao certo se já amaram ou se apaixonaram, o importante é o momento. Falar sobre isso a fez repensar numa das conversas mais bacanas que teve com uma de suas amigas mais íntimas. Após 14 anos juntos, a amiga contava a ela como reavaliara seu casamento. Foi pouco tempo de namoro e muito de noivado, um tempo ele teve que morar fora e a relação ficou de verão, de vez em quando. Por que então insistiram em juntar os trapos? Porque tinham sido pacientes e paciência é um artifício caro no campo de amor. Muitas vezes pensaram em desistir, em deixar de lado, mas pesar o quanto era significativo estarem juntos, fez com que valorizassem o que estavam construindo. Um dia, já casados, ela no meio de uma faxina, reencontrou a carta que ele escreveu em próprio punho a pedindo em casamento. Já haviam se passado tantos anos, ao reler com os olhos amadurecidos pelo tempo e pela própria relação, ela se flagrou com a mesma paixão da sua juventude. Aquela carta, fez com que ela se reencontrasse com aquele homem e entender porque ela havia se apaixonado por ele. Seu coração acelerou e aquela ansiedade gostosa de quando está se conhecendo ficou ali e ela guardou aquela sensação no cofre pessoal, para sempre poder recorrer a ela e manter viva a relação. Então se é para ser rotina, deixar a relação cair no marasmo, que seja o mesmo do mesmo na paixão inicial. Naquela vontade que se tem para fazer tudo dar certo, para o telefonema a toa só para desejar bom dia! Aquele torpedo lembrando que se amam e o beijo de despedida ao acordar. Escreva tudo aquilo que te faz feliz com ele, guarde e quando parecer dar errado, releia, seria uma espécie de contrato com você e ele. Faça como essa amiga que reencontrou o seu grande amor, no meio da sua própria intimidade e não o perca de vista. A paciência é uma virtude! Planta agora e colhe na paz de espírito lá na frente.
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